“A alma das casas”, um ensaio poético sobre as casas que foram demolidas na cidade de Pelotas
Beatriz Rodrigues assina a exposição
“A alma das casas”, com abertura dia 03 de julho e visitação até 22 de agosto,
na Galeria Antônio Caringi, no Casarão 2 da SECULT, em Pelotas.
Após tantas incursões pelas ruínas, era como se estivesse, pela
primeira vez, encontrando a alma das casas, morando nos objetos remanescentes
da casa-morada-do-afeto; um arrebatamento sensorial, a vertigem do vazio (pleno
de sentido) de tantas destruições, impregnadas, ali, na matéria do que
restou...
A alma das casas é uma cartografia de passos, imagens e algumas palavras: Uma narrativa
visual de deslocamentos no interior do barracão de vendas de uma demolidora em
atuação na cidade de Pelotas (Rio Grande do Sul, Brasil) há mais de 30 anos.
Cartaz da exposição "A alma das casas", de Beatriz Rodrigues.
Uma produção Murmúrios Azuis
(Clique na imagem para melhor visualização).
Esta mostra é o resultado de um trabalho de pesquisa iniciado em 2011,
na então disciplina “Percursos Poéticos”, da especialização em artes visuais da
UFPEL, ministrada pela artista visual e Profª Drª Duda Gonçalves, que atua como curadora desta exposição. Em 2012,
este projeto foi um dos selecionados no edital de ocupação das galerias da
SECULT.
A experiência na demolidora trata
deste arrebatamento sensorial, de perceber o empilhamento das memórias ligadas
à matéria “do que restou”. Através das imagens, trabalha-se um ponto em que os
objetos sejam compreendidos como uma reminiscência, capaz de trazer a memória
da casa como uma metáfora a pensarmos o universo primeiro que constitui a nossa
subjetividade – a casa primeira.
Já dizia Bachelard em A poética do
espaço: “A palavra hábito está demasiado desgastada para exprimir essa ligação
apaixonada entre o nosso corpo que não esquece e a casa inolvidável”. E para
quando a casa não mais existe materialmente, o que seria das lembranças deste
local que exprime os mais profundos valores de abrigo? Seria a casa apenas um
amontado de tijolos, paredes desfeitas e uma regra geometrizada, a impor
limites? Os espaços de proteção, as casas, lugares dos sonhos primeiros e das
lembranças mais recônditas, nunca deixam de existir. Aquilo que resta da casa,
aquilo que permanece, enquanto dotado de um valor econômico, passível de
circulação, são os restos de intimidades: desde os azulejos cobertos pelo mofo
da constante umidade, até sobras de madeira de armários empoeirados pelo tempo.
Estes espaços outrora vivenciados, agora desfeitos, habitando um grande galpão,
são os restos desta topografia do ser íntimo, formadoras de uma possível imagem
da casa-que-foi.
Esta exposição faz parte da
programação em comemoração ao aniversário da cidade de Pelotas, e também fará
parte da programação em comemoração ao Dia do Patrimônio, promovidos pela
Secretaria de Cultura de Pelotas.
Exposição A ALMA DAS CASAS, de Beatriz Rodrigues.
Curadoria de Duda Gonçalves.
Abertura dia 03 de julho às 19h, na Galeria Antônio Caringi (Casarão 2, da SECULT – Pç. Cel.
Pedro Osório, n.2. Pelotas/RS).
Visitação de
04 de julho a 22 de agosto (de segundas a sextas, das 8h às 18h30).
Produção:
Murmúrios Azuis - http://murmurios-azuis.blogspot.com.br
Apoio Cultural:
Go Image
Realização:
Secretaria de Cultura de Pelotas (SECULT)
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